O precioso espaço “entre” as coisas
...Se soubermos utilizar esse momento como uma espécie de meditação, trazendo presença para seja lá o que fizermos, respirando conscientemente, nos desidentificando de papéis e funções que assumimos, podemos ganhar uma carga extra de força para sermos mais produtivos e lidarmos melhor com os desafios do dia a dia...
Há um lugar em nossa rotina, geralmente breve e aparentemente pequeno, mas que guarda um imenso potencial capaz de retroalimentar nossa força de vontade e nossa tranquilidade - o espaço entre as coisas: entre nossas atividades, ações e encontros.
Conforme vamos aprofundando em nosso desenvolvimento pessoal, em nossa busca pela felicidade e plenitude, calibramos, cada vez mais, nosso foco objetivando realizações positivas em todas as áreas de nossa vida.
Temos sonhos, planos, metas, trabalhamos, temos nossos momentos de lazer e nossas inúmeras relações pessoais, onde nos nutrimos afetivamente e aprendemos sobre a vida e sobre nós mesmos. Os resultados obtidos estão, obviamente, ligados à atenção e dedicação que damos a cada uma dessas ações e, nesses tempos em que vivemos de comunicação e informação em tempo real e ao alcance dos dedos, estamos imersos em um ritmo de vida intenso com pontos de intersecção entre elas.
Mas como lidamos e que energia colocamos nas entrelinhas, no espaço entre as tantas atividades que realizamos? Apesar de, em nossa perspectiva produtiva e realizadora, esse espaço ser um intervalo, uma passagem, ele é como uma fonte ou reservatório onde podemos nos nutrir de energia vital.
Se soubermos utilizar esse momento como uma espécie de meditação, trazendo presença para seja lá o que fizermos, respirando conscientemente, nos desidentificando de papéis e funções que assumimos, podemos ganhar uma carga extra de força para sermos mais produtivos e lidarmos melhor com os desafios do dia a dia. Trata-se de cultivar uma intenção de silêncio interno, uma pausa para o mundo externo e para a atividade mental ininterrupta, um contato com o “vazio” que, apesar de parecer estéril, é um campo que sempre está existindo e de onde podemos, com o passar do tempo, criar uma “musculatura” que fortalecerá nossa equanimidade.
E você, como está lidando com esse espaço “entre” as coisas? Qual intenção e qualidade emprega nesses momentos?
Por Daniel Moray
Foto: Alberto Lefévre